Hospital do Rim de Guanambi

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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Estrela Guia


Era sempre de noitinha, ao tocar do relógio da igrejinha que ficava na praça próximo de casa. Era esse horário que minha mãe sempre reunia a criançada para contar histórias para irmos dormir. Eram lendas, contos engraçados, casos de arrepiar o nó da costela.
Lembro como se fosse hoje. A saudade do tempo não faz com que eu, aos meus setenta e cinco anos de idade deixe de lembrar um só instante desses dias. Hoje sou paciente renal crônico, faço hemodiálise a mais de sete anos e vivencio os ensinamentos de minha mãe expostos pelas suas histórias e comprovados pela vida.
Uma história que lembro muito bem e que muito me ajuda nos dias de tempestade que tenta, a todo custo, naufragar o barco de minha vida. Esses ensinamentos me fizeram forte, e possibilitaram que meu pequeno veleiro se transformasse em suntuosa embarcação. Lembro-me do quanto foi difícil muitas fases da minha vida; mas lembro mais ainda do que dizia minha mãe.: filho, o mundo gira sem percebermos e sem que queiramos. Veja, há tanta gente que morre de tanto tomar remédio, outros saram tomando apenas um copo d’água. Há os que reclamam de tudo e tem de tudo; e aqueles que de nada tem, mas agradecem o pouco que conseguiram. O mundo, meu filho, é cheio dessas coisas. Por mais que a noite escura tome conta do campo, haverá sempre um pontinho de luz a iluminar os seus caminhos. Lembre-se sempre de fazer a escolha da paz de coração e quem acende a lampião, é sempre o primeiro a iluminar-se.
Com essas histórias, lembro-me de que, quando fui ligado pela primeira vez numa máquina de hemodiálise, tudo pareceu escuro para mim. Foi uma escuridão que tomou conta de toda a minha felicidade. Foi ai que me lembrei de minha mãezinha e resolvi acender o lampião de minha alma. Acabei me iluminando e iluminando muitos que comigo estiveram. Faz tanto tempo que minha mãe se foi, acho que ela virou estrela, de tanto iluminar as meninadas de minha época, ela virou estrela nas noites escuras inspirando aqueles que não sabem que, basta um pontinho de luz para fazer dessa noite uma noite menos escura!
Isso a faz com que minha mãe viva dentro de mim, cada vez mais; até o dia que eu também me tornar estrela!

Roberto Harrysson Braga Tolentino – Texto baseado em uma história real.
Guanambi, 26 de setembro de 2011.

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